Rodrigo 14 anos
Eu não tinha dormido durante a última semana
inteira. Tudo tinha que estar perfeito e a cada vez que eu deitava a minha
cabeça no travesseiro, me lembrava de alguma coisa fora do lugar e me obrigava
a levantar para arrumar, antes que eu me esquecesse. Podia ser a minha
guitarra, que eu já havia aprendido a tocar algumas músicas e estava muito
ansioso para mostrar à ele.
Também queria que ele visse o meu quarto
arrumado e se sentisse orgulhoso de mim pelos estudos, por isso me esforcei
dobrado para as últimas provas. Ele chegaria na semana em que eu deveria
recebe-las e queria mostrar a ele que ele tinha dois filhos inteligentes, não
apenas Brent. Eu também tinha os meus talentos e podia ser tão bom quanto o meu
irmão mais novo.
Naquele dia, eu saí da aula correndo para chegar
em casa antes dele, mas me surpreendi ao sair da escola e ver meu pai parado na
porta. Ele olhava em volta dos alunos, procurando por mim. Quando me viu, ele
sorriu, e eu soube que seu sorriso era sincero. Ele estava feliz por estar ali.
Feliz por me ver.
Não pude evitar a felicidade e corri ao encontro
dele, sem me importar com as lágrimas que desciam pelo meu rosto. Meu pai
estava aqui, isso era tudo o que importava. Talvez ele voltasse de vez para o
Brasil e viesse morar comigo e com minha mãe. Isso seria o máximo, mas sei que
estou sonhando alto demais e daqui a alguns dias, ele vai embora de novo, mas
não quero pensar nisso agora. Meu pai esta aqui e mesmo que seja inútil, vou
mostrar a eles todas as vantagens de se morar aqui e fazer com que valha a pena
para ele. Fazer com que ele se lembre de mim quando voltar para a família nova
dele.
Tenho que ir agora, aproveitar o meu pai com o
pouco tempo que eu tenho com ele. Não sei quando ele volta, mas espero que seja
logo.
Guigo